Chocante! Brutal! Aterrorizante. Isso é o mínimo que pode ser dito do
livro reportagem “O Matador de Crianças”, escrito pelo jornalista ituano,
Reginaldo Carlota.
Fundamentada em rigorosa pesquisa e numa
investigação obsessiva, a obra narra a macabra trajetória do assassino serial Laerte
Patrocínio Orpinelli, o “Monstro de Rio Claro”, ou “Andarilho da Morte”, como é mais conhecido.
Entre as décadas de 1970 e final de 1990, o maníaco, que vivia como
andarilho, estuprou e matou com requintes de crueldade, inúmeras crianças no interior de São Paulo e é suspeito de vários
assassinatos em outros Estados.
Escrito de maneira ágil e cortante, com uma
narrativa tão afiada quanto uma navalha, o livro é denso e aterrador em quase todos os
capítulos, narrados com precisão cirúrgica pelo autor.
Carlota considera esse livro sua obra máxima, por
ser a reportagem mais completa, violenta e macabra que já fez em toda sua
carreira.
O livro é resultado de uma obsessão, que o repórter policial alimentou
desde que era criança.
Em 1984, quando ainda tinha dez anos, Carlota ficou
chocado com os estupros e assassinatos horrendos de duas meninas de 9 e 10
anos, ocorridos em Itu. Os crimes nunca foram solucionados pela polícia local e
tiveram profundo impacto na mente do jovem, que acabou desenvolvendo um
profundo interesse por assassinatos em série. Não por acaso tornou-se um repórter especializado em
crimes.
Já adulto, o jornalista investigou por conta própria as mortes
das duas meninas e descobriu que ambos os crimes eram idênticos em todos os
detalhes a outros assassinatos de crianças, que ocorreram em várias cidades
do interior paulista.
“Eu sempre soube que o matador das meninas de Itu era um serial killer, já tinha
um retrato falado dele, havia traçado até o seu perfil psicológico, baseado em seu modus
operandi, mas ainda não sabia sua verdadeira identidade”, revela o autor.
Em janeiro de 2000, quando Orpinelli foi finalmente
preso em Rio Claro, Carlota, então com 26 anos, viu o rosto do homem que procurava há anos.
A partir daí, o jornalista começou a montar um extenso dossiê
sobre o
psicopata, reunindo informações e fotos sobre todos os outros crimes que ele
havia praticado e dos assassinatos e desaparecimentos, dos quais ele era apenas
suspeito. Mas o autor não parou por aí, tentando entender cada vez mais a psicose assassina do
maníaco, ele começou a perambular por diversas cidades por onde o assassino havia feito vítimas e
ia pessoalmente nos locais desses crimes. Ao saber que o andarilho assassino dormia em
albergues das cidades por quais passava, entre um crime e outro, Carlota,
usando nome falso, começou a pernoitar nos mesmos albergues dos municípios,
onde Orpinelli havia dormido. Nesses locais, o repórter, se passando por um viajante qualquer,
procurava pessoas que haviam conversado com o assassino, e aprendia mais sobre o criminoso. Carlota também
perambulou pelos mesmos bares que o andarilho bebia, enquanto planeja seus
assassinatos e chegou a viajar por várias cidades do interior paulista, pegando
carona nas mesmas rodovias que o maníaco pegava, após praticar seus crimes. “Eu queria entrar na
cabeça dele para ver o mundo através de sua lógica perversa e doentia e
com isso entender seus crimes. Eu dormia relendo meus arquivos sobre ele e
vendo as fotos das crianças que ele matou. Minha obsessão por esse caso foi tão grande, que, em dado momento,
parecia que eu havia me tornado o próprio assassino, isso em um
sentido figurado é claro. Sabia exatamente como ele pensava e agia e com isso,
identifiquei uma série de outros crimes que ele cometeu”, conta Carlota.
Lançado em 2010, “O Matador de Crianças” já vendeu milhares de exemplares e agora está
disponível gratuitamente no blog www.omatadordecriancas.blogspot.com.
A obra é totalmente desaconselhável para pessoas
sensíveis.
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